Reflexões e prática para combater o machismo no dia a dia
- Raquel Leite
- 7 de abr.
- 3 min de leitura
Pequenas mudanças de atitude podem ter um grande impacto na construção de um ambiente mais respeitoso e igualitário para todas as pessoas.

Para além do discurso: praticar o respeito todos os dias
O machismo está presente em ações que, muitas vezes, parecem inofensivas. Uma piada, um apelido, uma interrupção na fala — esses pequenos atos constroem um ambiente hostil, que desvaloriza e silencia as mulheres.
Segundo Ruth Manus, autora do Guia Prático Antimachismo, “não ter voz é uma forma gritante de violência”. E isso começa a ser enfrentado com ações simples, como escutar as mulheres até o fim, sem interromper, nem presumir ignorância. Frases que você pode (e deve) usar no dia a dia:
“Eu ainda não terminei.”
“Essa explicação não é necessária.”
“Eu prefiro que você me chame pelo meu nome.”
“Não tem graça.”
“Não gostei desse comentário.”
“Isso está me deixando desconfortável.”
“Essa é a minha ideia, vamos desenvolvê-la juntos?”
“Não existem trabalhos de homem ou de mulher.”
“Não é mimimi, é respeito.”
Essas expressões ajudam a marcar limites de forma clara e respeitosa, tanto para quem sofre quanto para quem presencia comportamentos machistas. Com isso, algumas frases que ainda são ouvidas, precisam sair de circulação. Exemplos:
“Ela está de TPM.”
“Ela trabalha que nem homem.”
“Time com mulher tem muita fofoca.”
“Ela é mal amada.”
“Isso é falta de homem.”
“Pede pra mulher fazer, ela tem mais jeito com isso.”
Essas expressões não são inofensivas — elas carregam preconceitos de gênero, naturalizam a desigualdade e contribuem para ambientes tóxicos.
Práticas concretas para ambientes profissionais e sociais
Além da linguagem, há ações práticas que podem fazer toda a diferença:
Não fazer piadas ou comentários sobre o corpo de colegas.
Evitar apelidos ou termos infantilizados ("princesa", "boneca") em contextos profissionais.
Não assumir que uma mulher será responsável por funções de cuidado ou organização (como servir café, anotar pautas ou preparar apresentações).
Não insinuar que conquistas femininas foram obtidas por meio de favores sexuais ou relações pessoais.
Apoiar mulheres que enfrentam situações constrangedoras, mesmo que sutilmente. Às vezes, um “eu também percebi isso” já demonstra solidariedade.
Por que se posicionar é importante?
De acordo com o Relatório Visível e Invisível – 2025, 91,8% das mulheres que sofreram violência estavam acompanhadas de outras pessoas. Isso significa que há sempre alguém que pode intervir, apoiar, oferecer ajuda, romper o silêncio.
Não é preciso ser agressivo. Mas é necessário ser firme. Dizer que algo foi inadequado, desconfortável ou machista já é um posicionamento. E quem presencia uma atitude antimachista também pode se manifestar com apoio. Essa rede é essencial para romper padrões de opressão.
Combater o machismo exige vigilância constante, empatia e coragem para mudar hábitos que, por muito tempo, foram considerados normais. Como diz Ruth Manus:
“Para ser antimachista é preciso levar a voz das mulheres a sério.”
Pequenas atitudes importam. Elas não apenas transformam relações pessoais e profissionais, como também contribuem para uma cultura mais justa, acolhedora e igualitária.
Fontes:
Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil – 5ª edição (2025).
Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2024).
MANUS, Ruth. Guia prático antimachismo. 1. ed. São Paulo: Planeta, 2021.
Comments